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Como não Criar Dependências com a Realidade Exterior


Esta semana recebemos uma pergunta muito interessante por parte da Sofia Sobral. A questão realizada pela Sofia, surge como uma curiosidade da mesma em saber como pode viver no Mundo, criar, como ela diz, um percurso existencial positivo, mas sem cair em depêndencias tanto emocionais como profissionais com os assuntos que nos ligam ao Mundo e à Realidade Exterior. Antes de mais quero agradecer pela pergunta, que certamente paira sobre muitos de nós, inevitávelmente, quando nos começamos a aventurar cada vez mais pelo nosso caminho. Na minha jornada deparei-me várias vezes com este tipo de situações, tanto em relações intímas, que são um cenário perfeito para criar dependências emocionais, como noutros casos, e posso falar daquilo que me ajudou a transcender esta dúvida nestes últimos anos. Penso que a solução para esta interrogação se encontra no esclarecimento de quem nós verdadeiramente somos. Todos nós fomos condicionados a pensar que nós somos aquilo que pensamos, que sentimos ou possuímos de alguma forma. Desde pequenos, identificaram-nos com um Nome (no teu caso “Sofia”) e passado algum tempo, começamos a entender que nós somos aquele nome, aquela identificação, e assim começou a nossa identificação com os nossos pensamentos e histórias. Mas logo a seguir, começamos a transportar esta noção de identidade para os objetos do mundo exterior, primeiramente, com os nossos brinquedos.

Todos nós sofremos, nesta tenra idade, do momento em que alguém nos retira ou nos estraga esses preciosos brinquedos, e lembramo-nos do quão doloroso foi perdermos esse objeto. O que isto significa é que começamos a identificar aquilo que nós somos, não só com pensamentos e emoções mas também com objetos físicos, e aqui reside o “problema” e ao mesmo tempo a chave para deixarmos de criar dependências (de qualquer tipo) com o nosso mundo exterior. É óbvio que se eu penso que sou o que penso, o que sinto e o que tenho, quando eventualmente perder essas coisas, o que terá necessariamente de acontecer, pois todas as coisas têm de se dissolver para dar origem a novas, sinto uma grande dor, um grande vazio, pois acabo de perder uma parte de mim mesmo “para sempre”. É natural que também sinta que para estar feliz tenha de ter e ser determinadas coisas, tenha de ter dependências, pois fui condicionado desde pequeno a identificar quem sou com o que penso e tenho. Mas se olharmos mais pormenorizadamente quando estamos numa situação de perda, percebemos que ainda cá estamos, que o nosso ser ainda existe. E existe porque quem nós somos transcende as nossas condições mentais e físicas. Nós somos aquilo que permite e dá origem aos pensamentos, sentimentos e experiências. Nós não somos pensamentos, nós temos pensamentos, nem somos experiências, nós temos experiências. Existe um “Eu” que está por detrás de tudo, que dá origem a tudo, mas ao mesmo tempo não é nada das coisas a que dá origem. A chave para acabar com todas as dependências reside, na minha opinião, na consciencialização de que nós não somos as coisas que temos, mas sim o que tem as coisas. Todas estas passarão, mas nós não. Por isso, descobri que devemos envolver-nos completamente com o Mundo, e transmitir ao máximo as nossas paixões e expressões, mas ter sempre ao mesmo tempo a consciência de que nós somos algo muito maior do que tudo isto, não nos identificando por completo com “o mundo das coisas”. Aconselho-te a fazeres meditação, nem que seja 10 minutos por dia, porque é importante que isto não se limite a um mero conhecimento teórico, mas sim que se torne numa realidade prática no teu dia-a-dia. Aconselho-te também a estudares melhor a obra de Eckhart Tolle, que toca nestes assuntos com muito mais sabedoria e profundidade do que neste curto texto.

Espero ter-te ajudado Sofia! Até à próxima!


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