A ilusão do Ego

A nossa sociedade consumista cada vez mais demonstra que existe algo de fundamentalmente errado connosco. Mais e mais pessoas começam a sentir que algo está errado, que o caminho a ser traçado não nos está a levar para onde queriamos. Vivemos na melhor era humana desde que há registo histórico, com um número cada vez maior de facilitismos e serviços garantidos a um número cada vez mais crescente de seres humanos. Já fomos à Lua, curamos doenças incuráveis, temos tecnologia de ponta que a cada dia fica mais e mais sofisticada e em vez de ficarmos com menos problemas e mais pacifícos, estamos ironicamente com mais problemas do que nunca e num stress e depressão tão grande que um número bem significativo da nossa população tem de fugir de si através de antidepressivos, drogas, alcool, etc. Afinal, o que se passa? Devido a isto muitos de nós pensam que o ser humano não tem solução e que não só é um cancro para si mesmo, mas também para todo o planeta. Todavia, esta disfunção não é o nosso estado natural, mas sim o resultado do nosso ego. O nosso ego consiste, como Eckhart Tolle afirma no seu livro “Poder do Agora”, na identificação da nossa identidade com a nossa mente, ou seja, com os nossos pensamentos e emoções. A Humanidade esqueceu-se do vício mãe, o vicío que deu origem a todos os outros, o Pensamento. Não conseguimos parar de pensar. Estamos numa constante busca pela nossa identidade pelo mundo e é exatamente esta procura que nos afasta de quem nós verdadeiramente somos. Associamos a nossa identidade a pensamentos, emoções, coisas materiais e depois quando, inevitávelmente, essas formas desaparecem, nós ficamos num estado de dor, pois acabamos de perder uma parte que nós associavamos à nossa essência,a quem nós somos. A nossa mente é uma ferramenta extraordinária, pode produzir obras espantosas e têm sido vital na evolução da nossa espécie, mas o feitiço vira-se contra o feiticeiro quando em vez de sermos nós a usarmos a nossa mente é esta que nos usa a nós. E é isto que está acontecer, basta olharmos para a disfunção que existe em todas as relações humanas. As pessoas amam-se e depois odeiam-se, admiram-se e depois juram vingança. Estamos a comer o planeta todo na busca incessante de mais posses,de mais alguma coisa para nos dar a nossa identidade. Comecemos por ter clareza e sentir quem nós somos em vez de tentar entender intelectualmente essa resposta. Somos uma Consciência a ter uma experiência humana bem específica. Sintam o vosso corpo, sintam a Verdade a pulsar dentro de vocês e a querer sair para fora e dominar o Mundo com Consciência e Amor. Mais à frente, noutros artigos, falarei de técnicas para entrarmos mais no Agora e sairmos da disfunção, que aprendi com alguns dos meus mentores.