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A Jornada do Herói: A Verdadeira Função das Mitologias!


Hoje em dia a humanidade está a passar para uma nova fase nunca antes experienciada na história de toda a nossa raça.

Até chegar ao ponto civilizacional onde estamos hoje, todos nós eramos apoiados na nossa jornada pela realidade à nossa volta por amparos mitológicos, quase sempre provenientes da religião em que nos inserimos, quer esta seja o cristianismo, o hinduismo, o budismo ou qualquer outra.

Estas estruturas religiosas sempre fascinaram o homem porque providenciaram uma forma de conhecer o mundo e o próprio homem que nenhuma outra conseguiu fornecer. Estou a falar do auto-conhecimento através de metáforas e alegorias.

O ser humano sempre encontrou magia e mística quando se encontra perante um mito, uma metáfora poderosa, pois esta parece ser capaz de falar mais intensamente e até diretamente com o âmago do espírito do que qualquer observação científica.

Podemos notar que todas as civilizações tiveram necessidade de construir mitologias e cosmologias para entenderem o seu lugar no mundo, independentemente das suas tradições específicas e localizações geográficas.

No mundo antigo existiam ritos de passagem para as várias fases da vida humana, que concediam à mente e ao espírito circunstâncias perfeitas para o amadurecimento da alma, quer estas fossem através de experiências concretas ( como enfrentar um leão) quer através de contos que representava essa mesma transição. Desta necessidade surgiram as obras literárias mais fascinantes do mundo que guiaram profundamente o percurso de milhões de homens e mulheres durante a história.

Todavia aos poucos a ciência devorou tudo o que os mitos ocupavam e atualmente já não existem espaço para fábulas como método de compreensão da realidade. Tudo é científico e racional e nada escapa desta nova mundivisão.

Embora esta mesma interpretação tenha inegavelmente produzido uma evolução gigantesca para todas as vidas desde o início do século XX, agora começa-se a perceber os limites da ciência, pois nenhuma ferramenta isolada pode explicar e servir para todos os fenómenos da vida humana.

Devemos entender que o Homem não é um ser unicamente racional e que cultiva acima de tudo na sua psique um mar gigantesco de irracionalidade, a que muitos de nós chamamos subconsciente.

O subconsciente possui em si todo o conhecimento necessário para a existência de uma vida autêntica, mas este normalmente expressa-se através de meios não científicos, como por exemplo, os sonhos e a arte no geral. A interpretação de sonhos torna-se importante porque estes são quase sempre a forma de comunicação favorita do subconsciente, que muito raramente se expressa claramente.

A comunicação é sempre expressa através de imagens e enigmas, sendo a sua interpretação sempre muito subjetiva e só tendo possibilidade de entendimento total para o próprio indíviduo.

Embora essas imagens tenham sempre um significado pessoal, como todos partilhamos a mesma condição de humanidade, existem várias mensagens que são universais e como tal expressas através de mitos e lendas, formando por vezes as histórias mais magníficas já criadas.

Eu acredito que a mitologia ainda tem um papel muito preponderante na nossa sociedade e nunca poderá perder essa mesma importância, pois por muito que avancemos seremos sempre humanos e por muito que digam somos sempre os mesmos.

Todos nós queremos percorrer aquilo que Joseph Campbell chamou de “ Jornada do Herói”. A Jornada começa sempre com uma chamada para a aventura, para mudar algo drasticamente, e quando aceitamos esse desafio começam todas as provas que nos esgotam, mas que ultimamente são as que nos formam em heróis quando as ultrapassamos. Temos de enfrentar os nossos medos, conquistá-los e voltarmos ao mundo normal, mas com uma consciência diferente, mais iluminada.

A mitologia oferece-nos imagens perfeitas sobre o funcionamento e os desejos mais profundos do nosso subconsciente de se entender e realizar a si mesmo pelo consciente.

Muitos pensam que as lendas falharam totalmente porque não correspondem a factos verídicos, mas estas nunca pretenderam verdadeiramente ser um mapa do mundo real mas sim do mundo intramental que existe em cada um de nós.

Todos nós queremos ser heróis, mas para isso temos de ultrapassar desafios e conquistar os nossos medos.

Precisamos de imagens poderosas para aceder a santuários interiores não disponíveis de outra forma.

Todavia hoje vivemos num mundo sem mitologia definida. Cada vez mais nascemos sem uma história, mas com milhares de histórias, que podemos adoptar como nossas. Procuramos atualmente nas “estrelas” o que antigamente se procurava na figura dos deuses do olímpo, não somos assim tão diferentes. A única diferença é que eles tinham os seus mitos bem definidos e nós não. Cada um de nós tem de criar os seus próprios mitos e rituais para se tornar no herói que deseja-se tornar, tendo consciência de que nenhum herói nasce sem enfrentar e matar o seu maior dragão, o seu maior medo. Aqui reside a maior mudança de paradigma, pois agora é o tempo do herói que necessita conscientemente de criar os seus próprios monstros e fantasmas para derrotar. Podemos criarmo-nos conscientemente como nunca antes e temos de pensar bem no que queremos criar, não só para nós mas também para os outros. Queremos criar um conto de fadas ou uma história de terror? A escolha é nossa, de cada um de nós.

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